Dragão sofrido

O F.C. Porto cedeu dois pontos no Dragão frente a um imprevisível Belenenses. Mas para quem assistiu ao jogo e ao da semana passada frente à Académica não pode estar muito surpreendido com este empate caseiro. Em ambas as partidas, os azuis e brancos realizaram primeiras partes enfadonhas, sem pressionar o adversário, sem ambição no ataque e sem a raça e atitude ganhadora que pautam a mística do clube. Em evidência esteve uma equipa lenta, previsível e expectante que o jogo se resolvesse sozinho.

Ainda assim, na primeira parte os dragões viram um golo mal anulado a Farías por suposto fora-de-jogo quando a bola veio de um corte de um jogador do Belenenses. Já os azuis do Restelo limitaram-se a defender como podiam e a espaços só Zé Pedro incomodou Helton com um ou outro remate fora de área. A segunda parte abriu logo com o golo do Belenenses: Lima isolou-se e com calma rematou cruzado para o fundo das redes. 0-1 e os assobios aumentavam de tom no Dragão. Alarmada a equipa do Porto encostou o Belenenses às cordas e só descansou quando empatou aos 63 min - um alívio pastelão de Diakité, a bola sobra no interior da área para Farías que aproveita e faz uma espécie de chapéu ao bombeiro Nélson. Estava provada a debilidade da equipa lisboeta perante a velocidade imprimida pela equipa de Jesualdo. Mas após o golo os dragões caíram novamente numa letargia colectiva como se a vitória fosse cair do céu. Só nos últimos minutos da partida é que o Porto lançou-se desesperadamente ao ataque, errando muitos passes e caindo na precipitação dos cruzamentos de longe para área. As melhores oportunidades surgiram já nos descontos com um cabeceamento de Bruno Alves à barra e um remate perigoso de Raúl Meireles que levou ainda muitos adeptos a gritar um falso 'guuuolo'. O empate foi um castigo merecido pela presunção e displicência dos azuis e brancos que lembraram-se tarde que tinham um jogo para vencer. E apesar de terem perdido uma boa oportunidade de ganharem terreno sobre Braga e Benfica este resultado revela um Jesualdo Ferreira que parece ainda não ter caído na real ou que ainda espera enganar alguém com o seu discurso..."fomos uma equipa empenhada que tentou ganhar a uma equipa que defendeu sempre (...) fizemos tudo o que tínhamos para poder ganhar, tivemos na ponta final alguma infelicidade. Os jogadores correram, bateram-se(...) não merecíamos o empate", concluiu o técnico.

A FEBRE DO GOLO!!

E é...GOLOOOOO!!! Numa hora debilmente leonina, apimentada pelo bem vestido Rui Santos, acerca do " Sporting-Marítimo vir a ser um vespeiro", da incompreensão de Armando Vara por ter sido constituído como arguido na "Operação Face Oculta", e do arqui rival a Marca se ter pronunciado sobre o Barcelona, Benfica, Dynamo de Kyiv e Twente como as principais equipas europeias que mais vezes fizeram passar a bola entre os postes, estimo ser este o timing perfeito para deleitar o povo com um faustoso vídeo sobre a festa do golo e o modo como é categoricamente solenizado pelo estado febril dos artistas de campo:

A Hora de Bento

na vida, existem momentos para tudo. as coisas sucedem-se, têm um príncipio, um meio e um fim. e os timings são essenciais para tirar o melhor de cada coisa.

Paulo Bento chegou ao Sporting há 4 anos. durante esse tempo, teve o mérito de construir equipas coesas, fortes na defesa e eficazes no ataque. conseguiu, com poucos recursos financeiros e não muitos recursos humanos, conquistar duas taças de Portugal e outras tantas supertaças. além disso, conseguiu 3 participações na Champions e um playoff, baseados em 4 segundos lugares consecutivos. foi com ele que o Sporting conseguiu chegar mais longe nessa competição européia.

quando chegou ao clube, apostou em jogadores jovens, das escolas do clube, conseguindo tirar um bom rendimento da maioria deles. os miúdos impressionavam pela maturidade e pelo bom futebol que praticavam, sendo sempre as maiores promessas do futebol português. o treinador, além dessa juventude, agarrou-se também às principais figuras que havia na equipa, como Anderson Polga e Liedson. o Sporting, conseguiu então uma regularidade maior, compensando alguns maus momentos com finais de campeonato impressionantes, com belas sequências vitoriosas.

de facto, Paulo Bento tem o seu mérito. tendo em conta que era um treinador inexperiente quando chegou ao clube, assim como as condicionantes relacionadas com as finanças do clube, os resultados alcançados neste quatro anos não são nada maus. mas como já disse, existem momentos para tudo.

o que se vê agora é um Sporting de rastos. jogadores sem alegria, sem alma, sem garra nem vontade de ganhar. cada jogo é um sacrifício, onde a bola é a principal adversária da equipa. a principal razão para isso é a falta de motivação. como já disse num post anterior, é dificil motivar uma equipa que não muda. não muda a sua forma de jogar, não muda os jogadores que jogam, não mudam os jogadores no banco. quem joga, sabe que vai sempre jogar, quer o faça bem ou mal. quem não joga, poucas oportunidades tem de mostrar o que vale. não se vê uma equipa em crescimento, nem melhorias no jogo, nem jogadores em boa forma. e a cada jogo que passa, os jogadores parecem afastar-se mais do treinador.

para que uma equipa esteja motivada, é preciso haver competitividade nos treinos, é preciso que cada jogador dê o seu melhor para ser escolhido no dia do jogo. isso consegue-se com uma rotação dos jogadores do plantel. sem trocar o plantel inteiro, ainda assim é necessário que saiam jogadores e que entrem jogadores, de preferência os maus pelos bons. também é preciso que hajam bons resultados e que se crie uma dinâmica de vitória e um prazer em ganhar. é preciso ter orgulho na camisa que se veste, sabendo o que ela representa e que quem a veste é herói de uma torcida fanática.

o treinador é o primeiro elemento que deve incutir tudo isso aos seus jogadores. deve criar um sentido de responsabilidade na equipa. tem que tirar o melhor de cada jogador, jogando psicologicamente com eles. se o treinador é incapaz de mobilizar os seus homens, se não tem mão para dar a volta a uma situação complicada, então é sinal de que o seu tempo chegou ao fim.

o campeonato para o Sporting acabou. resta a Liga Europa e as taças de Portugal. Paulo Bento, agora, parece demasiado desgastado, perante a equipa, os adeptos e os media, para conseguir uma reacção. se o Sporting ainda tenciona ganhar alguma coisa este ano, é hora de tomar a única decisão capaz de motivar a equipa: despedir o Paulo Bento.

saudações leoninas!

Um fenómeno chamado Benfica

A segunda parte do Benfica tomou de euforia o café Los Manos e as habituais cervejas deram lugar a rodadas de uísque barato e licor beirão. Alguns nada tomavam mantendo-se perplexos de olhos enfeitiçados no ecrã. Quanto a mim, apenas me ocorria um pensamento. "Isto só pode ser um fenómeno..."

Com quase 50 mil almas nas bancadas do Estádio da Luz, o Benfica tinha tudo para chegar ao primeiro lugar depois do empate cedido pelo Braga em Vila do Conde. A rivalidade entre Jorge Jesus e Manuel Machado e a arrogância madeirense apimentavam ainda mais um jogo que prometia ser quente. Mas mais uma vez os encarnados não deram qualquer hipótese ao adversário com uma exibição de luxo e, novamente, recheada de golos. O Benfica adiantou-se no marcador aos 17 minutos, após um passe a rasgar de Aimar para Fábio Coentrão que centrou rasteiro para o encosto fácil de Cardozo. O Nacional empatou aos 27 minutos por Edgar Costa, que no momento do passe de Ruben Micael se encontrava em 'off-side'. Ainda antes do final dos primeiros 45 minutos, Saviola cabeceou para o fundo das redes restabelecendo justiça no marcador. Numa primeira parte marcada por alguns confrontos físicos, palavras e cartões o previsível acabou por acontecer. À saída para os balneários jogadores de ambas as equipas envolveram-se em abraços fraternos e trocaram números de telemóvel.
A segunda parte perfilou-se "à Benfica" e arrebatou os corações expectantes dos adeptos. Cardozo facturou da marca de grande penalidade (49min) na sequência de uma queda bem encenada por Aimar. Dez minutos depois o árbitro voltaria a errar desta vez ao anular um golo limpo aos encarnados. A partir daí foi mais do mesmo e as crianças na Luz não conseguiram novamente contar os golos de Cardozo e seus muchachos com os dedos de uma só mão. Mais um golo de Saviola, um de Nuno Gomes e outro do paraguaio fecharam as contas: 6-1! O Benfica colocou-se em primeiro lugar na Liga e com um 'goal average' verdadeiramente extraordinário...diria mesmo, aberrante - 30 golos marcados e cinco sofridos em apenas oito jogos disputados!

No final do jogo saí disparado dos Los Manos ansioso e perturbado. Alguns clientes ainda lá ficaram a gozar a embriaguez de mais uma goleada. O pensamento ainda me perseguia e ao chegar a casa lancei-me de imediato na definição de fenómeno...

"Um fenómeno é um acontecimento observável, particularmente algo extraordinário (literalmente "algo que pode ser visto", derivado da palavra grega phainomenon = "observável") como, por exemplo, na área da físca, como feito por Galileu Galilei"

E é mesmo isto, voilá!! Como não? O Benfica é algo de extraordinário e facilmente observável...só não vê quem não quer! E se Galileu Galilei provocou o pânico popular com a sua teoria heliocêntrica, Jorge Jesus desponta semanalmente a alegria e a efusão popular! Vivó BENFICA!!!

Fotograma

Após perder em casa na Liga dos Campeões frente ao Rubin Kazan, Barcelona arrasa o Zaragoza. 6-1 com golos de Keyta (3), Ibrahimovic (2) e Messi e três pontos de vantagem na liderança da liga.

Pepe Reina festeja o golo da vitória por 2-0 do Liverpool no clássico frente ao Manchester United. Três importantes pontos para os Reds e fundamentalmente para o técnico espanhol Rafa Benitez.

Rogério Ceni volta aos golos e oferece a vitória ao São Paulo por 4-3 contra o Santos, na Vila Belmiro. Brasileirão ao rubro - Palmeiras, Atletico MG, Internacional, São Paulo e Flamengo na luta pelo título.

Esplendor na Relva

Espectacular o que aconteceu hoje na Luz!! Cinco batatas sem resposta a um representante da Premier League tem que encher de orgulho todo e qualquer adepto benfiquista, que já esta noite viu a sua equipa ser apelidada de "sensacional" pela generalidade da comunicação social europeia. Ao domínio que temos exercido no nosso quintal, faltava uma exibição categórica e exuberante na velha Europa e hoje alcançámos esse prestigiante patamar. A exibição não foi a melhor desta época, mas é completamente impossível ficar indiferente ao início da segunda parte do Benfica. A segurança de Luisão, David Luiz e Javi Garcia uniu-se à irreverência e qualidade de Saviola, Cardozo e Di Maria, que estiveram pura e simplesmente endiabrados e encheram a mula dos 5000 amigos "anglo-saxónicos" que passaram o dia a sujar o Rossio, naquele que foi mais um capítulo da história infeliz do futebol britânico no Estádio da Luz. Hoje calhou a fava ao Everton que levou para Liverpool a maior derrota europeia da sua história após uma noite europeia que foi um fato à medida para a grandeza do Benfica.

O Sporting ganhou e tem três vitórias em três jogos na Liga Europa. Parabéns aos lagartos, em particular ao camarada Artur Monteiro, que mesmo continuando a apresentar um futebol sofrível estão garantidíssimos na próxima fase.

O Nacional até tentou, mas a equipa vive demasiado dos rasgos do Rúben Micael, que já merece outro palco, que não a Choupana, para mostrar o belíssimo futebol que tem nos pés. Mais uma vez esteve em vantagem, mais uma vez montou a retranca, e mais uma vez perdeu uma boa oportunidade de fazer história.

O Porto lá fez o que devia, e despachou os cipriotas no Dragão ficando mais perto do seu objectivo: garantir o segundo lugar atrás do Chelsea para ir aos oitavos-de-final e ser despachado por algum clube de topo Europeu.

Mas em matéria de Liga dos Campeões, nada supera esta vitória magnífica que personificou uma espécie de personificação da lenda da Lebre e da Tartaruga:

Adeus e Obrigado...Leonardo, Pato e Ronaldinho!

A Verdadeira Europa!!

Findadas as jornadas dos milhões, apresentam-se os jogos dos tostões! Para os mais levianos, a antiga Taça das Cidades com Feira - denominada actualmente de Liga Europa - foi das primeiras competições europeias a serem criadas (1955), a qual era destinada a clubes europeus de cidades com feiras de comércio. Presentemente, esta competição é para muitos, (até pelo próprio Michel François Platini), considerada a prova rainha da Europa, na qual entram hoje em acção três emblemas nacionais com diferentes fortunas.
O Sporting, mesmo apresentando um futebol análogo á beleza de Manuela Moura Guedes, não terá dificuldades em levar de vencida o conjunto letão (actual campeão da Virsliga), que ainda assim apresenta na frente a sua melhor arma, o português João Martins (ex-júnior Alverca). O Nacional da Madeira, que jogará, muito provavelmente, uma cartada decisiva rumo á qualificação, terá hoje pela frente uma tarefa bem mais complicada face á equipa basca...nada que preocupe Alberto João Jardim dadas as óptimas relações entre duas regiões similares. Finalmente, o Benfica medirá forças com os "Toffees" tendo como principal desafio - a par de cortar o cabelo a Nuno Gomes - superar o marcador de partidas anteriores e confirmar as palavras embebidas de imparcialidade de Sílvio Cervan "o verdadeiro teatro dos sonhos é na Luz".

Sílvio Cervan

O Gringo está com a bola toda

Nem Adriano e muito menos Wagner Love. Quem brilhou no Palmeiras-Flamengo da 30ª jornada do Brasileirão foi o veterano Petkovic. Dois belos golos do sérvio que aos 37 anos continua a espalhar o seu encanto pelos relvados do Brasil e a levar à loucura a torcida rubro-negra. O primeiro golo foi uma jogada individual do médio que dribla, invade a área e chuta forte ao ângulo. O segundo foi de canto directo - a bola ainda passa por entre as pernas de um defesa e Marcos deitado sobre a linha de golo não consegue mais que confirmar o inevitável. Golo olímpico! Quase no final da partida o sérvio ainda teve tempo de fazer um passe de letra que deixou possuído de irritação o ex-benfiquista, Diego Souza. Os golos do 'gringo' valeram a primeira derrota do Palmeiras em casa e confirmam a crise de resultados da equipa de Muricy Carvalho que não vence há três partidas. Para o mengão foram mais três pontos na luta por uma vaga na Libertadores e o acalentar da esperança de ainda chegar ao título. E já no próximo domingo tem jogo quente no Engenhão - Botafogo e Flamengo jogam mais um clássico carioca!

Até lá fica a receita da jovialidade de Petkovic dada no final da partida ao repórter da Globo..."Fonte de juventude? Só se for a água do Morro de São Paulo na Bahia!!"

Morro de São Paulo

Cogito Ergo Sum

Hoje é dia de comemoração para todos os sportinguistas! De Telheiras até a um 8º andar de um prédio em Paço de Arcos sopram-se as velas do quarto aniversário de Paulo Bento à frente da equipa leonina. Um conjunto de épocas desportivas brilhantes que têm recheado os serões dos seus adeptos de caviar e champagne da 'borgonha'. Inspirado por um site desportivo nosso concorrente deixo aqui algumas das reflexões mais marcantes do treinador que revolucionou todo o nosso pensar futebolístico.

«Para assistir a grandes espectáculos vou ao cinema», em resposta às críticas do antecessor José Peseiro, 04/03/06

«Se o golo foi com a mão não é polémico. Com a mão é andebol ou basquetebol...futebol é com os pés», após o golo de Ronny (P. Ferreira), 17/09/06

«O Bayern nunca perdeu com o Sporting? Eu também posso dizer que, como treinador, nunca perdi com o Bayern», antes do primeiro jogo com os bávaros, 17/10/06

«Não são fontes, são bufos. Se os descubro não ficam cá nem mais um minuto», zangado com as fugas de informação no balneário, 8/2/08

«Pedir de desculpa aos adeptos? Não jogámos mal de propósito», no fim do jogo com o Hertha, 02/10/09

«Vim para o Sporting para ser profissional e não para ser amigo, não vim para passar o Natal em casa de ninguém», sobre a ligação com os jogadores, 17/10/09

A Festa da Taça!

Fachada do Estádio da Tapadinha

Desiludido por não ter participado na genuína festa da Taça em Torres Novas, ao lado do Benfica, decidi-me a acompanhar um dos clássicos "à antiga" que o sorteio ditou. Primeiro, pensei em ir ver o Belenenses-Oriental, mas o facto do Atlético-Setúbal ser disputado no mítico Estádio da Tapadinha fez-me decidir por uma viagem a Alcântara. Na tarde de Domingo lá fintei a ressaca, e embarquei na habitualmente penosa viagem no 742 através de meia Lisboa. 45 minutos depois estava à porta do estádio a ouvir, em "loop", clássicos da música como "Carinha Laroca" e "Quem é o gostosão daqui", cujo som, proveniente de um sistema sonoro dos anos em que o Atlético estava na elite do futebol português, era constantemente abafado pelo ruído dos aviões que sobrevoavam o estádio de cinco em cinco minutos.

Bola a rolar no relvado da Tapadinha

À entrada os polícias fumavam enquanto revistavam os adeptos, que iam soltando impropérios contra a direcção - tais como "nem merecem a água que bebem" ou "este clube de merda devia era acabar" - pela falta de organização na venda dos bilhetes. Após a actuação do Grupo de Percussão da Ajuda, iniciou-se o desafio, que foi uma autêntica "pelada" digna de Distrital, com direito à actuação de um árbitro alentejano incompetente (apelidado de Cabeça de Cabrão) que foi muito contestado pelas boas gentes de Alcântara. Os principais motivos de interesse vinham da bancada, com um grupo de adeptos a colocar constantemente em causa a masculinidade do lateral-direito do Setúbal e a profissão da mãe do fiscal-de-linha. Em campo, sucediam-se falhanços hilariantes e simulações de faltas grotescas, que, juntamente com o habitual adepto louco que percorre o peão a dar indicações aos jogadores, provocavam gargalhadas fáceis dos dois lados da barricada.

O treinador de bancada

O ambiente, quase sempre decontraído, só aqueceu duas vezes. Primeiro por causa de um incêndio na mata circundante ao estádio, que o valoroso Regimento de Sapadores Bombeiros apagou rapidamente. Depois por causa de um comentário de um adepto do Atlético, que disse a alto e bom som: "este árbitro é tão mau que devia descer de divisão...era ele e o Setúbal". Pairou no ar um espectro de violência, mas os insultos acabaram por ser maioritariamente verbais, com especial incidência na discussão sobre o que era melhor: Casal Ventoso ou Bairro da Bela Vista, e na provocação fácil aos sadinos do "não se preocupem que isto não é a Luz para levarem oito!".

O fumo do pequeno incêndio na mata

No final, o Vitória venceu por 2-0 e os adeptos, maioritariamente pescadores ou taberneiros de choco frito, promoveram um sonoro buzinão, mesclado com grandes sucessos do Toy, pelo bairro de Alcântara fora. Quanto aos adeptos da casa, ficaram a afogar as mágoas no Bar, que só tinha aberto ao intervalo por causa de uma louca aventura do dono com uma "Órasmus" espanhola na noite anterior. Por SMS, fiquei a saber que o Belenenses-Oriental tinha terminado 3-1 a favor dos Pastéis...tal como a Tapadinha, que jazia deserta, também eu estava um pouco nostálgico por não poder apreciar um Atlético-Oriental (o dérbi Ocidente-Oriente da cidade de Lisboa) naquelas bancadas, a contar para a próxima ronda da única competição que nos dá futebol genuíno.

As velhinhas e degradadas bancadas da Tapadinha

Adeus e Obrigado!

"Que la chupen y sigan chupando"

Estou com uma enorme dose de entusiasmo pelo próximo Mundial. Alguns já dizem que será o palco de um passeio triunfal do Brasil, que estaria adiado desde 2006. Talvez. Já aqui elogiei o trabalho de Dunga, e neste momento é provavelmente o candidato mais forte. Mas como é óbvio os olhos do Mundo estão virados para a Argentina e para Maradona, que após ganhar no Uruguai lançou umas quantas frases que vão fazer parte da história do futebol. El Pibe conseguiu transformar a selecção argentina numa versão da sua própria pessoa: instável e geradora de amor ou ódio, mas acima de tudo - e dando um pouco de mérito à personagem - dotou-a de uma capacidade de não desistir que ficou bem patente nos jogos com o Perú e com o Uruguai. Agora vamos esperar pela convocatória da Argentina, e tudo me leva a crer, se as coisas continuarem assim, que o nome de Maradona estara lá juntamente com Schiavi, Palermo, Cannigia, Redondo, Ruggeri e Burrito Ortega...talvez até Burruchaga e Valdano tenham alguma hipótese.

Não é só a Argentina que me leva a um grande entusiasmo. O facto de as boas equipas estarem (quase) todas confirmadas é um alívio para os apreciadores de bom futebol. França, Portugal (para minha grande surpresa) e Rússia devem estar presentes. Em África não há muito espaço para "outsiders" e as melhores selecções - Costa do Marfim e Gana - já estão confirmadas com Camarões, Tunísia e Argélia ou Egipto a caminho, embora confesse que tenho saudades de Marrocos. Gostei do apuramento da Sérvia, da Eslováquia e até das Honduras (que será claramente a minha escolha para "equipa simpática), e gostava que a Irlanda (acima de tudo pelo Vecchio) também marcasse presença. E por fim, quem se apurar entre Bahrain e Nova Zelândia será o saco de pancada.

Ainda ontem vi o Gana bater o Brasil na final do Mundial-Sub 20, com o filho do mítico Abedi Pelé a levantar a taça perante um sem-fim de comemorações repletas de danças tribais ao som das "vuvuzelas". Gostei! E espero que seja um sinal para o Mundial do próximo ano. No entanto, não descurem uma comemoração como estas em Joanesburgo, por parte do homem que vai incendiar a savana sul-africana!!

Adeus e Obrigado!

A hora das decisões

Depois da jornada de Sábado ter-nos proporcionado alguns grandes momentos, chegamos à última, e parcialmente decisiva, jornada da fase de apuramento. Com Portugal praticamente no "play-off" - perder com Malta seria uma das maiores vergonhas da história do futebol -, e a Rússia afastada do apuramento directo, graças à mão amiga de Busacca, sobram alguns focos de interesse pelo Mundo fora, com especial destaque para Montevideo. Será que a Argentina vai ficar mesmo de fora do Mundial, ou será que o final "hollywoodesco" do Argentina-Perú, com o Maradona a mergulhar na relva encharcada do Monumental depois do golo de Palermo, foi um sinal da redenção alviceleste? Ou será que o Uruguai, num jogo estupidamente emocionante e de intensa "porradaria", chega à vitória com uma batata "à Hemisfério Sul" assinando a sentença de morte de Diego Armando Maradona?

O que é que gostavam de ver pessoal? Argentina ou Uruguai? Deixo-vos aqui algo que ajudará a decidir...



Emoções fortes para daqui a umas horas...

Adeus e Obrigado

Sobre fortes e fracos

O Benfica deu a melhor resposta possível ao desaire de Atenas e logo aos 22 minutos já tinha o jogo praticamente arrumado. Entrámos como tem que ser: com atitude, velocidade e agressividade, mostrando que estávamos ali para acabar com o jogo cedo. David Luiz e Carlos Martins (num golaço que deve ter feito o Miguel Pereira destruir a esplanada dos "Los Manos" com a emoção) deram o mote, e Cardozo, o melhor marcador do campeonato, acabou com qualquer dúvida que pudesse haver ao apontar o 3-0 que coroava uma excelente exibição na ausência de Aimar, Di Maria e Maxi Pereira. A primeira parte da Mata Real foi, sem dúvida, a melhor das respostas à confiança que eu, e milhões de Benfica, depositámos nas capacidades motivacionais de Jesus e na qualidade da equipa, durante a última semana. Parafreseando o camarada João Santos: "O Governo Civil devia ter acabado logo ali com o jogo".

Não vi o jogo do Porto, mas um 3-0 não se contesta. Como tem sido hábito, a tripeirada vai ganhando, mantendo distâncias e certamente estará a lutar pelo título até aos últimos jogos. Li algo sobre a maciez dos "emprestados" ao Olhanense (que no fundo é meia equipa), mas neste lixo que é o futebol português já nada me surpreende.

Palavra de apreço para o Braga enquanto clube, já que o curriculum e as últimas palavras (em modo lacaio) do Domingos não me merecem respeito. Gosto de ver a identidade bracarense que se vem criando, com direito a filiação clubística única, e que vai crescendo na região. É bom para o futebol português que o Braga se mantenha forte e a crescer, e que termine com o paradigma que o futebol a sério só é jogado em Lisboa e no Porto.

E por fim, o Sporting. Não deixa de ser irónico o resultado alcançado pela malta do Lumiar este fim-de-semana: um empate frente ao Belenenses em Alvalade, e a perda do décimo ponto em sete jornadas. Estamos a falar daquele mesmo Belenenses que por ser tão "fraco" (parafreseando os adeptos leoninos) retirou todo o mérito à goleada do Benfica há umas jornadas atrás. Disse na altura, que diante de uma equipa "sem dinheiro e com futebol tão pobre", gostaria de ver os rivais a alcançarem o mesmo resultado, no entanto os lagartos fizeram questão de vacilar nesse quesito, somando um desaire comprometedor a uma exibição pobre. Curioso mesmo é ver que a maior vitória do Sporting neste campeonato é sobre a Académica (2-0), que, mais uma vez curiosamente, está abaixo dos "fraquíssimos" Belenenses e, imaginem, Setúbal, na tabela. É caso para perguntar: afinal quem é o fraco nesta história toda?

Adeus e Obrigado

A Soberba e as suas implicações

O Benfica foi ontem derrotado em Atenas, num jogo que nunca mereceu ganhar. Porquê? Porque os jogadores que ontem se apresentaram frente ao AEK não tiveram, nem de perto nem de longe, a atitude que têm tido ao longo dos últimos jogos, e o que faltou em ambição e suor, sobrou em soberba. Logo nos primeiros minutos pudemos ver uma equipa estática e sem chama, que parecia pensar que mais tarde ou mais cedo o jogo se resolveria de forma natural. Os gregos estavam borrados de medo, e todas as fragilidades, tácticas e técnicas, vinham ao de cima, perante laivos de superioridade dos jogadores encarnados, que cada vez que aceleravam causavam perigo na baliza contrária. O final de uma história como esta é sobejamente conhecido: O AEK, sem fazer nada por isso, marcou um golo de bola parada e ganhou. Na segunda parte, o guardião grego fechou a baliza e sentenciou a derrota do Benfica, que só a perder é que se apercebeu que tinha um jogo para ganhar.

Não vou aqui escrever uma tese sobre a transformação de bestial em besta do Benfica, até porque não vou dos 8 aos 80 com tanta facilidade. Acho que esta derrota vai ser uma lição para todos, e ainda bem que aconteceu na Liga Europa porque não coloca nada em causa. Todos têm direito a um dia mau. O que não pode voltar-se a repetir é a atitude de ontem, mas quanto a isso estou descansado pois confio nas capacidades intimidatórias do vocabulário de Jesus. Escusado mesmo era conferir um cariz tão decisivo ao próximo jogo frente ao Paços.

Quantos aos outros: não vi o jogo do Sporting, mas ao que parece ganharam com dificuldade e não jogaram bem...o que já não é novidade. O Nacional protagonizou mais um capítulo habitual da história do futebol português nas competições europeias: viu-se a ganhar fora e armou uma retranca à antiga portuguesa permitindo aos austríacos empatar...o que também já não é novidade.

Adeus e Obrigado