Domingo à noite

Desta vez vinha no autocarro e no rádio do motorista tocava os lances do Académica-Sporting. A um remate perigoso dos estudantes troquei com o motorista um olhar cúmplice de benfiquista que não engana. "Pelos vistos hoje somos os dois de Coimbra" disse eu. "Ora meu amigo, topou-me bem" ripostou sorrindo com os seus poucos dentes. "Até amanhã, amanhã é que há jogo da bola", gracejei ao abandonar o 'mochibombo'. Mas já na rua passei por uma televisão onde repetia o primeiro golo do Sporting: Vukcevic meteu um cabrito no lateral esquerdo Pedrinho, centrou forte e Liedson repentino e audaz cabeceou à Liedson para o fundo das redes. Ainda esperava que a Académica fizesse uns dois ou três golos mas ao chegar a casa Djaló acabara de fazer o 2-0 e de arrumar o assunto. A mim parece-me que este Sporting tem no seu plantel alguns jogadores com pinta, casos de Liedson, Vukcevic ou...Matias Fernandez, que apesar de lento sabe o que fazer com a bola nos pés. Outros simplesmente desastrosos como Pedro Silva, Rui Patrício, Marco Caneira ou Anderson Polga. Se Tarantino percebesse algo de futebol de certeza que faria um filme onde exterminaria esta gente. A Rochemback caberia o papel de jogador em fuga para o Brasil, com uma cicatriz de lagarto gravada na testa para recordar até ao fim dos seus dias as miseráveis prestações em Portugal. Por fim, uma data deles que ainda deviam estar a rodar no Oriental ou no Atlético da Tapadinha - André Marques, Saleiro, Pereirinha, Moutinho. E apesar de achar que o Sporting não é tão fraco como o pintam a contratação de um novo treinador seria fundamental. Paulo Bento já era!

Sentado à mesa do jantar vi o resumo do Naval 1-3 F.C.Porto. Os dragões começaram a Liga com o pé esquerdo mas parecem ter reentrado no caminho das vitórias, muito à custa do colombiano Falcão e das exibições de Varela, o ex-Estrela da Amadora que antes tinha sido dispensado pelo clube que se queixa de falta de dinheiro para contratar jogadores de qualidade. De destacar também o strogonoff de frango que estava divinal, ao contrário da maioria dos jogos do campeonato que terminam inevitavelmente em enfadonhos empates. Para sobremesa, uma palavra sobre o Braga. Sem compromissos europeus e com um onze base de qualidade a equipa de Domingos Paciência parece não ser apenas uma surpresa de início de temporada...esperar para ver. E agora só falta mesmo é um café, cheio...como o Estádio da Luz amanhã!!

O que aconteceu na Luz

Atravessei a rua em direcção ao café Los Manos às 18h36. Quase corria porque pressentia que nove minutos podiam ser poucos para conquistar a mesa, que é a minha mesa naquele café, em dias de jogos do Benfica. Idealmente posicionada em direcção à tv e com um ângulo perfeito eliminador de reflexos de sol ou luzes artificiais no ecrã aquela mesa foi paixão à primeira vista. E lá estava ela, fielmente à minha espera. Sentei-me e pedi qualquer coisa para justificar presença. Imprudentemente fui acompanhado do meu livro de Mikhail Bulgakov o que me valeu vários olhares ameaçadores de benfiquistas intolerantes para com literatura ucraniana em dia de jogo com o Poltava. Valeu-me o relógio bater as 18h45 em Ponta Delgada e o início do jogo! Os primeiros vinte e poucos minutos foram de um certo equilíbrio e até monótonos obrigando-me a pedir mais qualquer coisa, desta vez uma cerveja. E no preciso momento em que o empregado baixa a imperial sobre a minha mesa, Di Maria levanta com classe a bola sobre o guarda redes Dolganskyy, após uma passe longo ao acaso de Fábio Coentrão! 30 minutos e o 1-0. A partir daí o Benfica começou a tratar bem da bola, a trocá-la aqui e ali, direita e esquerda e a criar mais oportunidades. Um chuto de Saviola e um remate em arco de Coentrão deram trabalho ao sobrecarregado guardião ucraniano. O intervalo chegou com naturalidade mas com a clara sensação de que faltavam golos. Dez minutos que aproveitei para ler mais umas linhas de Bulgakov e de como o procurador Pôncio Pilatos tentou salvar Judas de Carioth. Mas estava aí a segunda parte e o Benfica entrou cheio de vontade, com ritmo alto de jogo e muita pressão sobre a bola. Os frutos não tardaram a aparecer. Cardozo fuzilou da marca de penalty para o 2-0 e o terceiro e o quarto surgiram com a maré de ataque, por Saviola e Weldon. Para a posteridade fica uma boa e eficaz exibição do Benfica, que me parece que tornou fácil o que poderia ser uma difícil viagem à Ucrânia, e 3,60€ a mais na caixa registadora do café Los Manos.

Em tronco só na praia

Depois de termos assistido a uma abertura de campeonato pouco inspiradora - repleta de empates que não reflectem equilíbrio, mas sim azelhice e falta de qualidade de muito dos intervenientes - eis que voltamos aos jogos europeus, que, na minha opinião, são aqueles que proporcionam as maiores descargas de adrenalina aos adeptos, visto podermos assistir a encontros interessantes sem a presença de "autocarros" estacionados à frente de uma qualquer baliza.

Ontem foi a vez do Sporting. E não é que os lagartos até jogaram bem!! Frente a um adversário complicado, o Sporting entrou de peito feito e, com laivos de bom futebol, conseguiu anular o adversário e exercer um domínio durante grande parte do encontro. No entanto, o resultado não é o melhor, apenas e só porque pecou nos pormenores que tantas vezes decidem os grandes jogos.

Paulo Bento é neste momento uma figura gasta em termos de imagem e em termos desportivos. São ridículos os seus comentários sobre a expulsão de Vukcevic - que foi uma estupidez do tamanho do bolo monetário da Champions -, quando compara o segundo amarelo do montenegrino com a não amostragem de outro a Dainelli por travar um contra-ataque. Se este último depende do critério do árbitro, o retirar da camisola - apesar de podermos discutir se a regra é absurda (e é!) - é uma regra que TODO o jogador conhece. Vamos parar de arranjar desculpas "portuguesinhas" quando as coisas não correm bem. A verdade é que se o Vukcevic não tivesse feito essa "burrada", acho que o Sporting iria conseguir chegar ao 3-1 ao invés de sofrer o 2-2, se bem que isto é discutível porque há sempre o "factor Polga" - o homem que vai desaprendendo de jogar conforme vai ficando mais velho, uma espécie de Benjamin Button do futebol - na defesa leonina. O Sporting é capaz de passar, mas não esperem que os Viola joguem como ontem quando estiverem no caldeirão que é o Artemio Franchi.

Adeus e Obrigado

Agora é a sério...

Torneio do Guadiana:

Benfica 2-1 Athletic Bilbao

Benfica 2-1 Olhanense

Torneio de Amsterdão:

Benfica 2-0 Sunderland

Benfica 3-2 Ajax

Torneio de Guimarães:

Benfica 4-0 Portsmouth

Benfica 2-0 Vitória de Guimarães

Eusebio Cup:
Benfica 1-1 Milan (5-4 nas grandes penalidades)

Terminou a pré-época e o Benfica venceu os quatro torneios que disputou. Para além de acrescentar mais quatro troféus ao seu já vasto pecúlio, a equipa encarnada conseguiu alcançar um feito muito mais importante: conquistar a exigente massa adepta. Agora vêm os jogos a sério, e não é difícil de imaginar um Estádio da Luz completamente cheio no próximo Domingo. Acredito que todos esperam que o Benfica cilindre o Marítimo depois de tudo o que fez, mas cuidado! Não pressionem os homens para lá da conta, não vaiem os jogadores quando eles preferem ter a posse de bola ao invés de se lançarem em loucas investidas rumo à baliza contrária. É essa euforia caseira, misturada com a habitual ilusão que proporciona a pré-época, que costuma destruir os alicerces do prédio benfiquista. O campeonato português é muito matreiro, mas uma coisa é certa: este Benfica tem qualidade e matéria prima para se sagrar campeão nacional!

Adeus e Obrigado

Crónica de uma desgraça anunciada

"Nem te atrevas a passar da linha de pequena área!!!"

Confesso que nem vi o golo, muito menos o jogo. Só sei que o empate foi aos 90 e sai de campo e que já o Patrício lá andava à molhada. Quem me contou acrescentou entre passas de cigarro..."epá, e a equipa da Sporting...onze abróteas em campo!". Mal ouvi a história lembrei-me da memorável noite de Alkmaar em que o herói Garcia marcou mesmo ao cair do pano. Um herói que depressa se tornou em anti-herói depois de uma amarga, aflitiva e triste final da Taça Uefa. 3-1 no José de Alvalade com o CSKA de Moskva e uma memória tortuosa para o resto da vida leonina. Tal recordação deve ter trespassado o cérebro de Paulo Bento em milinésimos de segundo, que num gesto impulsivo proibiu Patrício de avançar no terreno (ver imagem). Mas lá foi ele...

...e como a História teima em repetir-se num ciclo terrível e inevitável prevejo que este seja o anúncio de mais uma desgraça europeia. Mas vendo bem, pior que Munique também não é fácil...

Habemus Benfica

Depois de vencer o Torneio do Guadiana e o "famoso e conceituado certame de Amesterdã" (palavras de Jesus) o Benfica conquista novamente o Troféu da Cidade de Guimarães. Com duas exibições de encher o olho, os encarnados estrearam-se com uma vitória por 4-0 sobre os ingleses do Portsmouth. Dois golos de Cardozo, um de Weldon e uma letrada de Di Maria para autogolo de um estrangeiro, fizeram a alegria dos minhotos e dos benfiquistas em geral. Na segunda partida diante o Vitória de Guimarães, o Benfica surgiu nos primeiros 45 minutos com as "outras soluções": Patric, Shaffer, Yebda, Urreta, Fábio Coentrão e Weldon. Este último marcou mais um evidenciando o seu faro para a coisa. Já na segunda parte foi Ruben Amorim, a passe de Saviola, que fechou o placar...2-0. Mas para além das vitórias morais, Jorge Jesus parece estar a conseguir montar uma equipa, ao contrário do que aconteceu em anos anteriores. E se na defesa não parece haver grandes alterações já do meio-campo para a frente tudo está bem diferente e para melhor. E para isso bastou recuar Pablo Aimar e dar um compincha de ataque ao paraguaio Cardozo. A fórmula só parecia difícil para Quique...de resto, nesta táctica, todos os outros jogadores parecem subitamente ganhar asas, casos de Di Maria ou Carlos Martins. A qualidade do plantel está à vista e Jorge Jesus parece não ter problemas para geri-lo, numa época 2009/2010 que promete trazer mais comida e vinho à mesa dos benfiquistas.